domingo, agosto 21

Mais uma dia negro para Ourém

É triste que no espaço de duas semanas, eu tenha que falar sobre incêndios decorridos em Ourém. Aliás, é triste ter que referir acontecimentos deste tipo, seja em que parte do país ou até do mundo fôr e nem que seja uma só vez por ano...
Mais uma vez Ourém foi devorado pelas chamas. Gondemaria, Areias, Favacal, Alqueidão, Escandarão, Pinhel, Atouguia, Freixianda... enfim, a lista é infelizmente muito longa. E desta vez os incêndios tocaram-me a mim pessoalmente. Desde das 14h de ontem (Sábado) ate à 1.30h da manhã, foi um mar de nervos e receios por parte de toda a minha famíla, vizinhos e amigos. Como podem ver pelas fotografias que tirei, o fogo andou sempre a ameaçar as casas todas aqui da zona. Era a ver todo o povo a preparar-se para uma luta desigual, enchendo baldes e bidóns de água, posicionando as mangueiras, molhando a vegetaçao em volta das casas e as próprias casas, tudo à espera do inevitável. Tudo desesperava, enquanto o fogo ia seguindo o seu caminho, caminhando pinhal a fora... Gondemaria, Areias, Favacal e chegando ao Alqueidão já ao fim da tarde. Ao chegar a noite, os bombeiros presentes no Alqueidão tiveram que abandonar o local, pois a situação na Freixianda exigia uma verdadeiro batalhão de soldados da Paz. Sendo assim, o trabalho ficou encarregue a nós populares, que com baldes de água e ramas de árvores conseguimos extinguir uma das frentes que ameaçava chegar a nossas casas. A outra frente que se criou era demasiado potente para nós, fazendo com que tivéssemos que ligar novamente aos bombeiros, pedindo socorro. E o socorro veio através de um carro de bombeiros da Batalha, que com a ajuda de todos, conseguiu controlar a situção. Estive até à 1.30h da manhã rodeado de chamas, numa noite em que era suposto estar numa jantarada com amigos e beber uns belos finos numa esplanada qualquer. E comigo estiveram cerca de 15 homens, sempre a dar o máximo.
Vivi pela primeira (e espero última) vez aquilo que os bombeiros vivem diariamente (no verão). Aquela sensação de fumos tão intenso e espesso que nem conseguimos respirar e que nos faz arder brutalmente os olhos. Aquela sensção de sentir na pela o calor intenso emitido pelas chamas. Aquela sensção de estar a ser devorado por mosquitos e outros insectos voadores que também fogem das chamas. Aquela sensção de esgotar as forças físicas e mentais, mas mesmo assim ter que continuar a lutar. Já o tinha dito, mas creio que agora me sinto aínda mais na posição de louvar o trabalho feito pelos soldados da paz, e também pelos populares.
À hora em que escrevo estas linhas, o céu é novamente invadido pelo fumo. Penso tratar-se dum incêndio para os lados do Pinheiro ou Olival ou Caxarias. Mais uma dia sem descanso para bombeiros e populares...
Ver também Ourém on fire













































1 comentário:

Elvira disse...

De facto, já enjoa... O ar não se pode respirar à volta da minha casa... Triste. Muito triste.