terça-feira, maio 29

Drave

Hoje [ontem] enquanto jantava e via o telejornal da SIC, dei de caras com uma reportagem comemorativa dos 100 anos do Escutismo (uma rubrica que passará a semana toda, a fazer fé no que informou Rodrigo Guedes de Carvalho). Não fosse um certo pormenor e eu provavelmente nem teria prestado grande atenção à reportagem. Mas esta captou-me especialmente a atenção pelo facto de ser baseado num local que tem um lugar muito especial para mim: Drave, a Base Nacional da IV Secção do C.N.E. Escutismo à parte, Drave é dos locais mais belos em que tive oportunidade de estar e viver. Sim, viver. Pois tive o privilégio de fazer de Drave a minha casa por vários dias, por altura do Rover 2001 - Actividade Nacional de Caminheiros, que foi precisamente a minha última actividade escutista. Em Drave, para além de muito suor e trabalho de reconstrução (foi nessa actividade que a reconstrução de Drave começou oficialmente), deixei para trás mais de uma década de vivências escutistas. De momentos bons e menos bons. De grande alegrias e algumas desilusões. Mas acima de tudo, deixei para trás a certeza de que apesar de actualmente não concordar com o modo de estar do movimento escutista, dada a sua colagem em demasia à Igreja Católica, e de não me rever no movimento de hoje em dia, decerto sei que por lá vivi valente e alegremente. Drave foi o culminar perfeito de muitos anos dedicado àquele modo de vida. Foi o meu canto do cisne. E a reportagem que hoje me passou à frente dos olhos foi capaz de me transportar novamente, mesmo que apenas por alguns momentos, a longas caminhadas, guitarradas, amizades e desamizades. Mas acima de tudo, foi capaz de me transportar novamente a um modo de viver que apesar de não fazer sentido para mim nos dias de hoje, fez sentido para mim na altura em que o vivi. Sei que não é possível reviver-se o que já passou, mas isso não tem de ser necessariamente sempre a verdade. Hoje [ontem] a reportagem da SIC conseguiu fazer com que voltasse a ser escuteiro durante alguns minutos novamente e que tivesse vontade de escrever sobre isso (algo que não previa fazer). Sem complexos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Não imaginas como te compreendo e partilho esses sentimentos. Drave também o foi o meu adeus ao movimento!
Como o disse o Chefe, um Escuteiro é sempre Escuteiro, mesmo quando já não for rapaz...
É esse o caso. Aquilo que lá vivemos é parte do que somos hoje, não achas?

Filipa Barros (uma das tuas caloiras)

Axpegix disse...

Foi precisamente essa demasiado próxima ligação à igreja que me fez desistir dos escutas... de resto o convivio, acampamentos e tudo o resto eram uma cena brutal... mas uma missa às 9 da manhã depois de uma bela caminhada... ui, forget!! :)

Meter-se na droga é de homem... agora escuteiros?!? :)

Anónimo disse...

Aqui está um tema em que faria todo o sentido meter-me à conversa, no entanto, por causa do caminho que seguiste no post, vejo-me limitada e obrigada a defender apenas aquilo em que de facto acredito:

"Para os mais novos, digo: Avancem com Esperança, misturem-na com optimismo e temperem-na com o sentido de humor que vos torna capazes de enfrentar as dificuldades conservando o sentido das proporções. Avancem com Fé, na sensatez, na segurança e no vigor do Movimento e das futuras possibilidades, e avancem com Amor, que é o mais poderoso de todos os agentes. Este espírito de amor é, afinal, o espírito de Deus trabalhando convosco." BP

Quando os conceitos Igreja e Deus (seja a concepção qual for) se misturam na ideia das pessoas, é natural o afastamento do movimento, ja que a igreja em si vive uma crise em que ela própria se colocou!

Mas se qualquer um pensar bem nos momentos que passou, verifica que nada ali vos é impingido de forma... coerciva! Tanto assim é que os 3 que me antecedem foram escuteiros, e nao têm Fé em nenhuma divindade.

Da minha experiência pessoal e das pessoas que me rodeam, o escutismo é até agora, a melhor forma de ajudar na educação e formação de crianças e adolescentes, por todos os motivos, inclusive pq promove o Amor ao próximo e o sentido de viver em comunidade!

lolol, dizia eu que nao ia escrever nada! :P

tiagogoncalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
tiagogoncalves disse...

para quem ainda não viu como eu aqui fica a ligação para quem, como eu, ainda não viu. depois comento com mais tempo.
fica bem

MysterOn disse...

A mim foram outros motivos para além da forte ligação católica...

Ao ler o teu texto e ao ver a reportagem da SIC, vieram-me à memória inúmeros momentos felizes. Sem sombra de dúvida, que as recodações que tenho são excelentes...talvez graças ao timming de saída que evitou porventura males maiores.

Excelente iniciativa essa de DRAVE, nunca se sabe se não vou lá dar também uma ajuda, uma vez escuteiro escuteiro para sempre, não era assim?

PEACE

Ric Jo disse...

Oi Filipa. É bom saber que andas de vez em quando por estes lados. De facto tivemos os dois o privilégio de termos participado no Rover2001. E por enorme coincidência, acabamos por ficar precisamente na mesma equipa... Grande coincidência mesmo. Foi a forma perfeita para terminar. Pelo menos assim o acho. E o facto de ter estado sozinho enquanto representante único do meu agrupamento, foi bom a tua presença, pois pude acabar na companhia de alguém que para além de ser minha "irmã escutista", também era minha amiga no plano pessoal. E sim, tudo o que um escuteiro vive acaba por moldar aquilo que somos hoje. Sem dúvida. Vai passando por aqui. Hope all is well. Beijo*

Zita, já falamos hoje sobre isto. Pena que não tenha sido aqui, de forma a enriqueceres ainda mais a conversa e para que ficasse para a posterioridade ;) Fica então combinado a discussão do tema, em pessoa, para a próxima semana pela Cidade Pequena. :)

Tiago, obrigado pelo link. Ontem procurei por ele, mas como ainda tinha passado somente uma hora depois da sua emissão, ainda não se encontrava online.

Puto, ambos vivemos lá grandes momentos, de facto. E tu se calhar tiveste a virtude de saíres no momento certo, daí não teres passado por momentos menos bons. E ainda bem que assim foi. Aconselho-te vivamente uma visita a Drave, pois para além de ser um local de uma beleza extrema, de facto... uma vez escuteiro, escuteiro para sempre.

Anónimo disse...

Para responder a Zita: Não creio que o meu comentário denote ou não alguma crença. Tenho fé sim, mas não impede a opinião que expressei.

Ric Jo: Eu vou passando por aqui ;) Tudo OK! bjoka gorda

Filipa