sexta-feira, julho 6

Portugal: volto já, em 2008!

Charan! Eis que de repente a Europa passou a ser a nossa maior preocupação. Eis que o biodiesel passa a ocupar nas nossas mentes um lugar mais destacado que a taxa de desemprego. Nos telejornais pouco ou nada do que se passa no país agora merece destaque. Se não fosse o caso das juntas médicas, até me teria esquecido que Portugal e a política nacional existiam. Seis meses para esquecer que vivemos por cá. Durante os próximos seis meses vivemos na Europa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Oh ricardo, nem parece teu... Vai dai até parece, afinal tens costela de Ilhéu (vulgo Gra Bretanha) e eles por lá nao querem nada com o continente!! :D ;), aliás isso é sindroma das ilhas, temos por cá uma que tb quer ter pouca relação com o contenente :P, mas isso fica para outro dia!
Geograficamente, Portugal é Europa, socialmente, muitos dos provérbios, palavras, hábitos e costumes portugueses tb o são para toda a Europa do Sul (salvaguarda importante!), economicamente, somos €uropeus, portanto, nos proximos seis meses as nossas vidas vão decorrer na Europa, como sempre! A diferença Gigante que vejo é que durante 6 meses vamos esquecer a posição periférica que temos em relação as decisões politicas, económicas e sociais que a UE toma todos os dias e que nos influencia todos os dias! Desde as normas de segurança dos edificios q habitamos (ou a falta delas) até ao mínino pormenor do rótulo da garrafa de agua que comprarmos.
O mail que te enviei com a reportagem dos deputados que literalmente se marimbaram para a Comissária é prova da nossa consciencia periférica e.. parece que continuamos (por conta dos nossos assiduos deputados) a querer estar "orgulhosamente sós"!!!
Ja me alarguei...
De uma euro céptica - VIVA A EUROPA! Durante 6 meses o sonho (ou pesadelo) europeu está em nossa casa, aproveitem para conhecer!

Ric Jo disse...

Muito bem, Zita! Assim é que eu gosto de ouvir. Ou ler, neste caso.

Concordo contigo. É bom que o poder central Europeu passe pelas mãos dos mais pequenos como nós. Mas a maior crítica que fazia era relativo à comunicação social. Apesar de compreender a importância destes seis meses, faz-me confusão a discrepância do tempo de antena dado às notícias/políticas nacionais que acabam por ser mais relevantes para nos na realidade do dia-a-dia do que as (boas) normas europeias que se vão aprovando.

Agrada-te a ideia do PM passar estes seis meses mais preocupado em ser o anfitrião da futura assinatura do futuro mini-tratado europeu do que tentar resolver a nossa taxa de desemprego?

Assinado: um pró-União Europeia ;)

Anónimo disse...

Meu caro Ric Jo! Desde há muitos anos que o nosso país conviveu com aquilo a que normalmente se chama por "politica de transporte". Significa isto que tivemos nas mãos algumas das maiores riquezas mundiais assentes nos nossos impérios e que pura e simplemente as gastávamos transportando essas riquezas na aquisição de bens aos restantes países europeus que se foram desenvolvendo criando factores estratégicos de riqueza.
As especiarias do Oriente, o Ouro do Brasil, os escravos de Áfica, as ex-colónias, e mais recentemente os fundos estruturais da União Europeia. E ao longo destes 600 anos de história, depois de gastarmos o dinheiro ficamos novamente de mão estendida à espera de novas remessas.
Acredita, é um problema cultural e social. Temos que pensar no que devemos fazer pelo país e não no que o país deve fazer por nós.
A culpa não é só dos últimos governos. É de todos nós.
O melhor exemplo que tenho passou-se no inicio dos anos 90 com a "cultura do girosidio". Não sei se alguma vez encontraste pelo nosso país campos de girassol queimado? Porque seria? Mau tempo? Granizo? Geada? Não! O problema é que a europa pagava para semear mas não pagava para colher. Assim mais valia deixar queimar, cortar e semear de novo.
Ainda nos anos 90 quando estudava em Lisboa,trabalhava numa empresa de formação profissional. A primeira pergunta que um candidato para um curso me fazia era: "quanto é que vou receber de subsidio?". E quantas vezes ia à sala de aula e tinha trinta assinaturas feitas nas folhas de presença mas só estavam 5 pessoas na sala.
A culpa não é só dos governos é de todos nós. Compete a mim e a ti mudar o estado das coisas mas não vai ser fácil.
Temos que nos libertar do peso do Estado e eliminar a presença dos aparelhos partidários e das elites que lhes estão associadas.
Abraço,

Pedro Lopes

P.S.-Isto a propósito do facto de não termos alternativa nenhuma a não ser estender a mão à europa. E claro, José Sócrates tem naturalmente que dar prioridade a quem nos paga.
Já agora uma questão económica. Pode parecer incongruente mas a taxa de desemprego tem naturalmente que subir mais ainda para que a economia possa recuperar. Lembra-te que Espanha nos primeiros anos de grande crescimento chegou aos 18% de desemprego.

Abraço,