quarta-feira, janeiro 18

Preços dos CDs

Esta imagem não é mais que um scan do último cd que adquiri, a semana passada, na loja da Valentim de Carvalho de Braga. Trata-se de um álbum dos Air em conjunto com o escritor Italiano, Alessandro Baricco, chamado City Reading. Como podem ver, consegui efectuar uma grande compra, tendo tido um desconto de 90,2%. O maior desconto que alguma vez vi, até. O preço original de €20,40 nada tem a haver com o preço em saldos de €1,99. Nem queria acreditar quando vi o preço. Pensando até que fora um engano de algum empregado ao colocar o preço, dirigi-me ao balcão para efectuar a compra, tendo uma moeda de €2 numa mão e uma nota de €20 na outra (caso o preço real fosse de €10,99 ou €11,99). Mas qual o meu espanto quando apenas precisei daquela singela moeda de €2 para trazer o cd comigo. E o meu espanto porquê? Vejamos então as seguintes contas:

Preço original: €20,40
Preço final: €1,99
Desconto: 90,2%
21% IVA: €0,34
Preço final sem IVA: €1,99 - €0,34 = €1,65

Ou seja, o valor real de venda do cd foi de €1,65. Ora, tendo em conta que a loja não estava em Liquidação Total e apenas em saldos, o meu raciocínio é de que a Valentim não iria vender este cd sem fazer um lucro mínimo. Por mais pequeno que fosse. Não teria muita lógica (visto de facto não estar em Liquidação Total). Então, se ao preço de €1,65 a Valentim vai fazer ainda lucro, questiono-me: qual será o preço de compra do cd por parte das discotecas? E consequentemente: qual o custo de produção do cd? Pois bem, tendo em conta este exemplo e correndo o risco de estar a errar (pois não sei se a Valentim fez, de facto, lucro ou nao com a venda), o custo de produção de um cd não sairá, de certea, a mais de €1. De certeza. E no entanto, apesar de ser (tal como um livro) um produto de cultura, o cd tem sobre ele uma taxa de IVA de 21% (ao contrário dos 5% de IVA sobre os livros). Juntando a este valor o exagero (para não lhe chamar outra coisa) dos preços praticados pelas discotecas, temos os cds à venda por um valor medio de €20. Ou seja, um lucro de 1900% do seu valor de produção.

Para quem, como eu, é um ávido comprador de cds, isto só pode revoltar. E muito. É triste privar as pessoas de cultura, afastando-os com os seus preços exurbitantes e levando a que o castelo de cartas que é a indústria da música se vá desmantelar, até cair totalmente (quando digo indústria da música, refro-me em particular aos músicos e às editoras independentes e não às grandes editoras multinacionais - essas podem bem com as crises). Em relação a este assunto, recomendo também a leitura do seguinte artigo de opinião.

10 comentários:

José Mira disse...

alem disso, é proibido vender produtos a preços abaixo do valor de compra...

Anónimo disse...

A intenção era boa! Foi pena errares nas contas:

1,99/1,21=1,65

1,65 é o verdadeiro valor que a loja ganhou ao contrário dos 1,57 que dizes (faz a conta ao contrário, ou seja, 1,57*1,21=1,90 que é diferente de 1,99).

Já agora, como chegaste aos 1900%? Que eu saiba, 1,57*1900%=29,83 e não 20,40
O verdadeiro incremento é de (20,4/1,65)*100=1236,37%
Fazendo ao contrário: 1,65*1236,37%=20,40

Imagina se isto saísse num jornal? Era chato!

Continua com o blog, mas verifica os erros antes de publicares alguma coisa!

Ric Jo disse...

Antes de mais, agradeço-te a ti "...said..." por te dares ao cuidado de, em primeiro lugar, leres os meus posts e em segundo lugar, comentá-los. Apenas agradecia que os fizesses assinando-os. Creio que é de bom tom.

Depois, se isto fosse publicado num jornal, concerteza que seria na parte de economia, logo não da minha responsabilidade ;)

E de facto errei, pois deduzi IVA a um valor com IVA. Peço desculpa pelo facto. E o valor de 1900% era na suposição de que o CD teria custado €1. E vendendo-o a €20... o lucro seria de 1900%. É daí que vem esse valor. Mas o cerne de questão põe-se exactamente na mesma com os valores corrigidos por si (e obrigado por tê-lo feito). Os consumidores são roubados em relação aos preços praticados.

José Mira: obrigado pela informação. Só vem a reforçar o que quero dizer!

Ric Jo disse...

Já agora, eu sei que esta questão não se pode discutir de uma forma tão linear quanto está a ser feito. Há muito mais para além de simples custos de produção/compra/venda. Há custos fixos e variáveis. Há estratégias de venda, baixando os preços nums produtos, de modo a atraír mais clientela. Há os custos inerentes à própria loja que têm de ser pagos (contas, rendas, salários, etc.). É muito complexo para se tratar assim de modo tão simples. Mas o fundamento do meu protesto continua: o IVA deveria ser de 5% e não 21% (logo baixando o preço dos discos para os consumidores) e as margens de lucro feitas pelas editoras multinacionais são totalmente maximizadas (como seria de esperar) e quem acaba por pagar são os consumidores. Que os cds são mais caros do que seria possível, são! :)

JCNunes disse...

PRA PROXIMA PROCURAR AJUDA DUM ECONOMISTA ANTES DE PUBLICAR ESTE TIPO DE POSTS...LOL ;-)

ABRAÇO

Unknown disse...

Já agora aproveito para peruntar se o Cd dos DZRT não estava em promoção?

Ric Jo disse...

Es sempre a mesma merda! ;)

Dos dzrt não tava. Mas trouxe o do Nel Monteiro por €2,50... Uma pechincha!!

Anónimo disse...

Vou ser muito directo, um amigo avisou-me deste artigo e não me contive:

é graças a analises destas que muitos portugueses, são facilmente especialistas em tudo desde o futebol até á economia, de tudo percebem ao ponto de colocarem o seu nome em artigos pessoais sem a minima credibilidade, geralmente é uma caracteristica de pessoas impulsivas, que dão resposta antes da pergunta ser formulada...

antes de comprar, pensou se valia a pena?

Posso lhe perguntar qual a sua profissão?

Se conhece um negócio que tem margens de lucro de 1900%, porque trabalha ou estuda?
é masoquista?

basta ir a um banco e pedir um empréstimo tipo millenium bcp, e eles querem ser seus sócios imediatamente, fica com assento na directoria do banco.

Pedro

Ric Jo disse...

Caro Pedro, não sou minimamente especialista em Economia, como o artigo o demonstra. E aliás, esse assunto e a correcção dos cálculos já aqui foram discutidos. Provavelmente você deu-se ao trabalho de ler o post mas não os comentários. Chegou tarde demais para estar novamente a discutir consigo tal assunto. Assino o que escrevo e escrevo o que bem entender. Não publiquei nenhum artigo em nenhum meio de comunicação social, logo sem esse peso de credebilidade. Escrevi-o aqui no meu blog pessoal e como tal, tem o mesmo valor como qualquer uma conversa de café. Só lê quem quer. Só concorda quem quer. E se você nunca disse o proferiu algo de errado numa conversa de café, dou-lhe os meus parabéns. Não retiro uma única vírgula à minha opinião sobre a venda de discos: os preços praticados são exagerados e eu, como comprador de discos (e não pessoa que faz cópias ilegais), sinto-me lesado pelos preços praticados. E esse era o ponto a que queria chegar. Poderia ter omitido todos os cálculos (mal) efectuados e ter mantido apenas o último parágrafo, que teria dito precisamente aquilo que pensava e que continuo a pensar.
Fico igualmente feliz por um amigo seu ter recomendado a leitura deste meu simples post. Pois apesar de o ridicularizares, concerteza se te deres ao trabalho de pesquisar o resto do blog, até pode ser que encontres alguma coisa que não aches ridícula. Mas não lho garanto.
Em relação à minha profissão, não é de seu assunto. Não o conheço pessoalmente (ou será que conheço...?) para lhe estar a dar informações pessoais. Se as der, dou de livre vontade, sem qualquer tipo de obrigação.
Peço imensa desculpa por não ser um technocrata como você ou não ser à imagem do nosso recém-eleito Presidente da Repúblca que raramente se engana e nunca tem dúvidas. Errei. Assumi-o, sem qualquer tipo de problema. Pois burros são os ignorantes. E você foi ignorante ao julgar-me de uma maneira rude e sem me conhecer. Portanto se alguem é burro, não devo ser eu...

Ric Jo disse...

Ah... E como muito bem sabe, podia simplesmente ter apagado o seu comentário. Ninguém o teria que ler para além de mim e de si, mas como vê, não o fiz. É mais um caso de ignorância minha?

Fique bem.