quinta-feira, abril 12

"Engenheiro"

Comentando o comentário do Zélito à entrevista de ontem, acabei por proferir a minha opinião em relação a um aspecto particular da polémica em redor do PM. E porque pode ser pertinente a experiência vivida por alguém que passa mais ou menos pela mesma ambiguidade em relação à denominação do seu emprego (a minha experiência vale o que vale), reproduzo aqui o teor do meu comentário.

Só vou comentar a questão do título de Engenheiro. E faço-o apenas porque passo/passei exactamente pelo mesmo e faço-o como Engenheiro ou Licenciado em Engenharia, como queiram.

A verdade é que quando saímos de um curso de Engenharia, não há quem nos esclareça directamente qual a nossa situação relativamente à ordem dos Engenheiros. Pelo menos assim foi no meu caso. E quando tento saber se sou Licenciado em Engenharia ou Engenheiro, as próprias informações que Professores e colegas meus me dão, são contraditórias.

Eu, sendo licenciado num curso de Engenharia acreditado pela Ordem, confere-me o direito de ser chamado Engenheiro (não que isto me interesse pessoalmente, mas são questões que se põem aquando da impressão dos cartões da empresa, por exemplo), dizem-me uns. Outros dizem-me que não bastará isso, que teria que pagar a anuidade (que não é tão baixa quanto isso) e só assim me poderei denominar como Engenheiro. Há uns anos diziam-me que, acreditado pela ordem ou não, teria sempre que fazer um estágio e apresentar um relatório na ordem para ser engenheiro... Enfim, como podes ver, ninguém sabe ao certo. E eu, não sabendo de facto o que sou, escrevi no meu cartão da Empresa: Eng.º Biológico. Aliás, assim fez a empresa sem sequer me perguntar. A verdade é que o termo "Engenheiro" terá uma conotação legal, mas isso na prática (e quando digo prática, falo no trabalho, no dia-a-dia e não recorrendo aos DL , etc.) não tem qualquer tipo de distinção relativamente à inscrição na ordem ou não. Tenho um colega do trabalho que tirou um bacharelato em Engenharia. Ele vê-se como "Engenheiro" e eu vejo-o como tal também. Estou-me borrifando se ele é ou não inscrito na ordem (se bem que existe obrigatoriedade legislativa, mas na prática, no dia-a-dia do trabalho, as empresas privadas querem é um serviço bem feito e estão-se a borrifar para essas burocracias. Em instituições públicas, o caso não é o mesmo). E se formos entrar por essa via adentro, será um Licenciado em Educação um verdadeiro Doutor, no sentido legal da palavra? Não faço a mínima ideia. Nem me interessa. Apenas acho esta uma questão "menor".

Isto tudo (e peço desculpa pela extensão das minhas palavras) para dizer que compreendo que em 93, e mesmo apenas tendo um Bacharelato, o então Deputado Sócrates tenha escrito como profissão: Engenheiro. Eu e milhares de Bachareis e Licenciados em Engenharia teriam feito exactamente o mesmo.

8 comentários:

Axpegix disse...

Toda esta situação se resume a isto:

Propaganda política!

Se eu fosse PM cagava para tudo isto e quem quiser investigar, que esteja à vontade para provar o que quer que seja...

Marques Mendes, mesmo depois dos esclarecimentos do PM, continua a insistir nesta palhaçada toda, enfim... pode ele ficar bem descansado, que nem com meia dúzia de títulos atrás do seu nome conseguirá chegar a PM.

Portugal foi certamente o primeiro país que teve um PM que foi a um canal de televisão explicar ponto por ponto a sua carreira académica.

Anónimo disse...

Acho que isto é tudo uma grande palhaçada e perda de tempo, sinceramente. de qualquer forma como PM e com as alegadas irregularidades com o seu diploma, acho que tem a obrigação e o dever de explicar aos portugueses o que se passa. Se num cidadão comum isto era uma situação completamente irrelevante o mesmo não se dizer quando está em causa um Primeiro Ministro, que deve ser sempre um exemplo para a sociedade. Acho ainda que as explicações, se se podem chamar explicações à entrevista que ele deu, vieram tarde. Acrescento ainda que de qualquer forma não está em causa o trabalho q ele tem feito e isso é mais importante que tudo.
Portugal é um país de títulos, ou Engenheiros ou Doutores, trabalhar e produzir é que não.

Anónimo disse...

Mais importante ainda que esta questão do PM é o jogo de logo à noite do Benfica com o Espanhol, isso sim é um assunto de extrema importância para Portugal!

(espero não ter dito nenhuma asneira nem me ter enganado no clube)!

paulo disse...

Avalie cada um o que pode contribuir para Portugal em vez de avaliar o possível título do PM.

No fundo como disseste é muito díficil saber-se que título temos ao sair da Univ.

Serei eu biólogo, dr., biólogo aplicado ou simplesmente um aluno de doutoramento?
LOL

paulo disse...

Um abraço grande amigão!

Ric Jo disse...

Lol Cátia... Não te enganaste no clube. É isso mesmo. Força SLB... ;)

Claro que ser Engenheiro, Doutor, Mestre ou Professor é o menos. A pessoa tem é de ser bom profissional, seja em que área for e tenha o grau que tiver.

Simplesmente digo que compreendo que o PM tenha escrito "Engenheiro" na sua profissão. Se alguém te pergunta, Cátia, o que és, que respondes? Engenheira. E na prática, a ninguém interessa se estás inscrita na ordem ou não... Interessa é que sejas boa naquilo que fazes (o que até é o caso... lol)

Como digo no post em baixo, perdemos demasiado tempo a falar nisto. Até aqui, estou/estamos a fazer o mesmo... Falemos de futebol, então... lol

Solquartocrescente, tu não és nada disso! Tu és o PIRES!!!! Único em todo o mundo! E esse "título" ninguém to tira nem mais ninguém o terá!!! Pires!!! lolololol

joão disse...

Amigo!
Falando também por experiência própria, e esclarecendo algumas dúvidas: só é engenheiro, habilitado a praticar actos de engenharia (sendo responsável por estes, assinando-os!), o indíviduo que pertença à ordem dos engenheiros. Para pertencer há várias formas, que incluirão sempre o pagamento da tal anuidadade (120euros!). Eu próprio, que tirei o curso há ano e meio, já passei de lic. em eng. civil a eng. estagiário, mas ainda n sou eng. Ou seja, por mais que faça o mesmo trabalho, tão bem ou melhor que qualquer outro eng., por enquanto ainda não posso assinar nada enquanto tal.
O que não impede, como chamas a atenção, que as cartas do banco, por exemplo, sejam dirigidas ao Eng. João Sales!
Dúvidas, questões ou outras coisas acabadas em ões, como calções, estamos cá para isso! ;)

Forte abraço!
JC

Anónimo disse...

Apesar do post ser já "antigo", não pude deixar de contribuir com um comentário...concordo com praticamente tudo o que foi dito anteriormente, por alguns de vós. Toda a polémica não passou de politiquece mal disfarçada, para tentar denegrir a imagem do PM, descridibilizando-o. No entanto, todos os estudantes de engenharia, estando inscritos ou não na ordem (dos engenheiros ou dos engenheiros técnicos - anet), ao terminar o curso, e mesmo antes, já são chamados de engº. É o país que temos, de títulos.
No entanto, e sei-o por experiencia própria, pois tive necessidade de me inscrever na ordem para praticar "actos de engenharia" inerentes à minha profissão, só poderá usar o título de engº quem estiver inscrito. Eu até passar a efectiva, recebia cartas dirigidas à "licenciada em engenharia ...".
Para quem tiver interesse, pelo menos para tirar dúvidas a esses professores que não souberam explicar(os meus explicaram e até estudei na UM e tudo)deixo aqui um excerto do DL que legisla a ordem.
Ah! Outra coisa que queria dizer, mesmo que se frequente um curso que não seja reconhecido pela ordem ou nao esteja acreditado pela ordem, podemos sempre fazer 1 exame de admissão à ordem.

(provavelmente tudo o que disse não passa de uma grande seca para quem ler isto, mas tb nao se perde nada em se saber um bocadinho mais)

Saudações académicas ;-)
SL

Decreto-Lei nº119/92 publicado no Diário da República nº 148 I - A

Capítulo II - Membros


Artigo 3.° Inscrição

A atribuição do título, o seu uso e o exercício da profissão de engenheiro dependem de inscrição como membro efectivo da Ordem.


Artigo 4.° Título de engenheiro

Para efeitos do presente Estatuto, designa-se por engenheiro o titular de licenciatura, ou equivalente legal, em curso de Engenharia, inscrito na Ordem como membro efectivo, e que se ocupa da aplicação das ciências e técnicas respeitantes aos diferentes ramos de engenharia nas actividades de investigação, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização e controlo de qualidade, incluindo a coordenação e gestão dessas actividades e outras com elas relacionadas.

(http://www.oern.pt/estatutos.php?id=3)